
A cúpula de líderes mundiais sobre o clima começou nesta quinta-feira, 22 de abril. O presidente do Conselho do CVG-RJ, Lucio Marques, publicou artigo sobre energia solar na maior publicação sobre sustentabilidade do País, a Plurale, da jornalista Sônia Araripe.
Leia o artigo a seguir.
Energia solar: um potencial a ser ainda mais desenvolvido
Em 1979, quando terminei a Faculdade de Administração, fui fazer o Curso in Latu Sensu da Escola Superior de Guerra, cujo tema era energia solar, achei fantástico o tema, pois o Brasil tinha energia solar praticamente durante todo o ano, e ela, sendo bem aproveitada, poderia reduzir o custo da energia, melhorando escolas, hospitais, pequenas cidades e várias outras atividades
Inclusive famílias inteiras tendo água, luz e melhorando o padrão de vida de uma grande parte da população, fonte de energia limpa e renovável.
Na época, as fontes renováveis mais conhecidas eram a eólica e a solar. Àquela altura, já existia uma rejeição mundial sobre o emprego da energia nuclear, isto se levarmos em conta os desastres causados nos Estados Unidos, na Rússia e Japão.
Energia é um conceito amplamente usado nas Ciências e muito bem na Física: quando alguém empurra um objeto está gastando energia produzida por seus músculos, sem a qual este trabalho não poderia ser feito. Nenhum movimento, nenhuma transformação, nem a própria vida animal e vegetal.
Já em 1979, o mundo atravessava uma grave crise diante do esgotamento de suas reservas de petróleo.
Aqueles países que possuem uma tecnologia realmente apurada e recursos financeiros em abundância, tem dado esperanças a todos de descobertas de inúmeras jazidas de petróleo.
Estas esperanças pareciam estar voltadas para o mar, principalmente, através de pesquisas em plataformas, e isto veio se concretizar nos dias atuais. Fóssil da terra, avaliado segundo a adoração da história humana, não será mais do que um acontecimento efêmero de poucos séculos de vida.
As consequências ecológicas provenientes das fontes energéticas conhecidas atualmente, representam o mais importante problema a se considerar, principalmente, o aumento na produção de energia e as suas aplicações industriais no futuro.
Pergunto: Por que até hoje não conseguimos fazer a captação de uma energia limpa como o sol, ajudando hospitais, escolas e uma centena de empresas e negócios reduzindo substancialmente o custo da energia?
1. O problema energético mundial
Todos os países desenvolvidos, ou em desenvolvimento, estão procurando acelerar e aperfeiçoar métodos de aproveitamento de todas mas fontes de energia renováveis ou não renováveis ao seu alcance.
Os países detentores de tecnologia mais avançada têm investido milhões de dólares na procura de novas fontes energéticas como o xisto, carvão mineral e vegetal, energia geotérmica, nuclear, energia eólica, dos mares oceânicos e a energia solar. As pesquisas estão baseadas em conceitos tecnológicos e podem, inclusive, refletirem-se em novas maneiras da humanidade viver e pensar sobre o que fazer no planeta em que vivemos.
Os trabalhos, pesquisas e levantamentos a respeito do problema já distam mais de 20 anos, pois, conforme disse o geólogo americano Levorsen, em 1954, “o mundo se resumiria em dois - aquele que possui o petróleo e aquele que não o possui, sendo que este útimo dependeria totalmente do primeiro”.
Os países industrializados, como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, França e Alemanha, têm gasto fortunas à procura de petróleo em áreas ainda não pesquisadas, tem desenvolvido técnicas altamente sofisticadas em prospecção de petróleo marinho, também técnicas em pesquisas petrolíferas no Ártico e projetos de gaseificação do carvão .
As pesquisas são grandes e cada dia aumentam mais. Como se observa, a preocupação é imensa, o número de pesquisas e os estudos alternativos são gigantestos, visando tirar os países da dependência do petróleo.
E o Brasil, um pais rico em solo, energia solar e água, que através de fotossíntese, produzem madeira, mandioca, cana de açúcar e plantas oleaginosas, elementos esses que representam as grandes soluções para resolvermos a atual crise energética, além de criarem milhares de empregos em todas as regiões do território, visto que suas produções podem ser regionais, evitando o transporte de combustíveis a grandes distâncias. Quanto à energia eólica e aquecimento do ar – forma não convencional de energia – o potencial é enorme e conforme estudo da Universidade de Massachussets poderiam ser instaladas em pleno mar, ilhas moinho de vento.
Tais ilhas captariam a energia eólica dos ventos alíseos gerados permanentemente pelo movimento terrestre e elevação do ar quente na região equatorial. Os recursos energéticos de origem extra-solar fontes não convencionais de energia podem ser realmente a grande alternativa para o futuro, caso sejam estudadas com afinco uma vez que a troca de calor possível de se obter das profundezas da terra é imensurável.
2 Energia solar
O sol é a fonte de toda energia utilizada na terra. A energia solar se origina de uma reação nuclear em cadeia, na qual o hidrogênio é convertido em hélio, a taxa de quatro milhões de toneladas por segundo. A energia assim liberada na forma de radiação solar´é equivalente a 380 bilhões de trilhões (380x1021} de quilowatts resultando em transformação de massa em energia , conforme a fórmula de Einstein : E =moc2.
Estima-se que a energia solar, que incide sobre a terra no período de três dias, seja equivalente a mais que toda a energia contida nas reservas fosseis conhecidas.
Para atingir a superfície da terra, a radiação solar precisa atravessar a atmosfera, que funciona como filtro, absorvendo, mais ou menos radiação, conforme as atmosféricas vigentes e o tipo de radiação que vem chegando. Para aproveitar de forma mais racional essa energia é preciso, em primeiro lugar, conhecer a origem e as propriedades - existência de outros tipos de radiação .
A existência de outros tipos de radiação, além de visível, foi comprovada no inicio do século XIX, quando se observou nas experiências de decomposição espectral da luz do sol (separação das cores pela passagem da luz através de um prisma transparente) que a luz vermelhla aquecia um termômetro mais que a luz azul. E, mais interessante ainda, foi descobrir que existia uma radiação que aquecia mais o termômetro, Essa radiação, invisível ao olho humano, foi chamada de infravermelha (abaixo do vermelho).Não custou muito para ficar evidente que existia também uma outra radiação que produzia efeitos químicos considerável chamada de
Tanto a radiação infravermelha quanto ultravioleta possuem as mesmas propriedades básicas da luz visível, o que foi demonstrado pelos cientistas pouco de quando se descobriu que ela, embora invisível a olho nu, impressionava chapas fotográficas, podendo, portanto, ser fotografada.
A utilização da energia solar como opção competitiva em confronto com outras formas convencionais de energia vem transformando –se em realidade nos dias atuais.
A crise econômica do petróleo e a tomada de consciência de que os combustíveis fósseis estarão esgotados em um período relativamente curto, motivarem a procura de outas alternativas de energia.
Dentre as fontes alternativas de energia não poluente, a solar, por ser abundante e grátis é apontada como das mais promissoras. Como a atenuação pela atmosfera pode variar de 40 a 60% da radiação extra terrestre, o Brasil pode ser considerado um dos países do mundo protagonistas em energia solar, pois se encontra em posição privilegiada dentre as regiões,
Da terra de menor atenuação de energia incidente, afirma o estudo do CTP. Apesar disso, pouco se tem feito em todo o mundo para aproveitar este recurso.
Na Austrália, por exemplo, há 20 anos aquecedores solares são comercializados com temperaturas de até 60 graus e a produção hoje (1979) ascende a 18.000 (2) de coletores solares por ano.
No Japão, em 1973 , já existiam mais de 2,5 milhões de aquecedores instalados e começam a ser instalados para conjuntps residenciais.
Pergunto porque o Brasil então não aplica recursos para aquecedores d´água residenciais, cozinhas solares, motores, bombas solares, pilhas solares fotovoltaicas, pilhas solares termoelétricas coletores planos e focalizantes
Como já dissemos, os aquecedores solares vêm sendo utilizados amplamente especialmente para o aquecimento de água e do condicionamento do ar ambiente, nos países mais frios.
Uma das utilizações mais práticas e eficientes da energia solar é o aquecimento de agua . Há dois tipos básicos de aquecimento de água
A de baixa e alta temperatura. para residências e os de alta temperaturas são os coletores-focalizantes. Os coletores de baixa temperatura, usados principalmente para o aquecimento de água para residências, hospitais, hotéis etc,
O aquecimento de água para usos domésticos, banho, limpeza, etc., representa atualmente cerca de l0% de energia consumida em residências e estabelecimentos comerciai de energia, suprido pels. É um consumo enorme supridos pelas fontes convencionais, como o gaz e a eletricidade. Grande parte desta demanda poderia ser suprida pelo aquecimento solar, utilizando-se a tecnologia já existente.
A utilização de água quente não varia muito em residências e o projeto do aquecedor pode prever um abastecimento apenas um pouco superior à média diária.
Para dimensionar o um aquecedor solar, deve-se levar em conta o número de usuários. Normalmente prevê-se cerca de 15 litros de água quente, por pessoa, por dia.
O aquecedor mais simples é o que utiliza o coletor plano e consiste em se soldar uma serpentina na chapa preta, coletora de energia solar e consiste coletor plano.
O sistema mais simples e seguro de aproveitar a energia solar, para aquecimento de água, é o termo sifão. Ele combina um coletor plano com uma caixa d`agua isolada e montada em plano mais alto que o do coletor.
Motores solares
O calor solar pode ser convertido em energia mecânica por meio de máquinas de vapor ou outros tipos de máquinas térmicas.
É engraçado - para não dizer trágico - a demora que temos em começar a usar aa energia solar em várias atividades existentes no mundo e principalmente no Brasil.
Temos o forno solar, a fusão de produtos refratários, fusão de sílica, tratamento de minérios, secagem de frutas, secagem de grãos, destilação d’água, enfim temos também lagos solares .
Podemos já fazer a conversão em energia elétrica e uma infinidade de outras aplicações. É realmente de se estranhar como até aquela data de 1979 ainda não tinha se tornado possível uma racional e direta utilização de energia solar, uma vez que dela dependem quase todas as demais (combustíveis fosseis, hidráulica, lenha e outros).
A economia de energia no campo industrial, com a utilização da energia solar se faz mais marcante.
Em 1979 quando fiz o curso já tínhamos uma preocupação em que isto fosse possível, e o mais rápido, pois estaríamos ganhando e muito na aplicação da energia solar à custo zero na recepção e na colocação em funcionamento o gasto seria proporcional ao consumo. No encerramento do curso, o então Vice-Presidente da República, Dr Aureliano Chaves ficou bastante impressionado com as possibilidades de aplicação e me pediu um livro autografado que lhe forneci de bom grado esperando que à partir daí tivéssemos sucesso na implantação da energia solar como um produto recebido a custo zero e que resolveria grande parte de nossos problemas, dando energia a escolas, hospitais, cidades no interior agreste , e várias outras aplicações reduzindo o custo da energia elétrica e o que era melhor estávamos usando, ou íamos usar uma fonte de energia limpa e renovável, mas pouco aconteceu até hoje, a não ser algumas instalações e aplicações feitas por algumas industriais e parques industriais, casas individuais.
Lúcio Antonio Marques
Presidente do Conselho Consultivo do CVG-RJ
CEO e Diretor da LM assessoria empresarial ltda