
Um dos grandes desafios para o crescimento exponencial do mercado de
seguro de vida no país é a consciência da população em torno da chamada
longevidade financeira. Ou seja, o esforço do brasileiro em se planejar para o
futuro. Diferentemente de tantas outras crises que nossa sociedade e nosso
país já passaram, acredito fortemente que esta é a primeira que terá como
principal legado a mudança de comportamento.
Segundo dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,
Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), a
arrecadação dos planos de risco no ano passado aumentou 10,8% em relação a
2018. Quando comparamos 2019 com 2011, o aumento foi de 115,4%.
Isto mostra que o mercado já havia apresentando uma curva contínua de
crescimento. Neste período, por exemplo, eu, que estou na indústria de seguros
há mais de 50 anos, testemunhei a arrecadação de vida superar a de seguro de
automóveis pela primeira vez na história, em 2017.
O momento atual trouxe à tona um ingrediente a mais para este mercado: a
preocupação das pessoas em torno de proteção e sobre as incertezas do futuro.
Sempre comentei que o brasileiro precisava desenvolver a cultura de ser
previdente na essência, daquela pessoa que se previne e toma as medidas
necessárias antecipadamente e isto tende a ser um novo comportamento.
Outro ponto importante é entender que imprevistos, sim, acontecem. Afinal,
nem o maior dos pessimistas poderia prever a situação na qual estamos
vivendo.
Faço coro à consultoria americana Bain & Company, que apontou que o
mercado de seguros crescerá na crise e seguirá este ritmo pós pandemia. Na
minha opinião, este crescimento não está sustentado no medo, mas, sim, no
preparo para o futuro.
Os debates em torno da previdência social que culminaram na Reforma
aprovada no ano passado já trouxeram um aumento de conscientização pelas
pessoas sobre a importância de assumir as rédeas pelo próprio futuro
financeiro.
Somado a isso, temos ainda a regulamentação dos seguros on demand, que
certamente contribuirá para o crescimento do setor. Esta pode ser uma porta
de entrada de uma série de pessoas neste mercado, como a geração
Millennials, para uma experiência temporária que pode vir a tornar-se perene
no futuro. Também acrescento a forma de distribuição. O brasileiro passou a
aderir cada vez mais ao meio digital e à venda remota, formas que
potencializaram oferta do seguro, rompendo barreiras físicas.
Hoje muitos estudiosos se dedicam a pensar em como será o chamado "novo
normal", que certamente trará inúmeras oportunidades neste mercado que
viveu muitos desafios. No entanto, o maior benefício é para quem perceber a
importância do seguro de vida e a tranquilidade financeira que ele traz para
quem conta com este tipo de planejamento.
Escrito por: Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon